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Aids / Imagem ilustrativa/Internet |
Os casos de Aids em Alagoas tiveram uma redução de 15% esse ano, em relação ao mesmo período de 2021. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), entre janeiro e novembro de 2021 foram registrados 340 casos. Já em 2022, foram contabilizados 292 casos.
Neste mês, é celebrado a campanha Dezembro Vermelho que tem como objetivo desenvolver ações educativas e de conscientização para prevenir novas contaminações pelo vírus.
Ainda conforme os dados do Ministério da Saúde, existem cerca de 920 mil soropositivos no Brasil.
Estabilidade nos casos
Ao Cada Minuto, o Hospital Escola Dr. Helvio Auto informa que os diagnósticos de HIV/AIDS de 2022 têm demonstrado uma estabilidade. Os dados apontam que de janeiro a novembro de 2021, o hospital registrou 294 novos casos, enquanto de janeiro a novembro de 2022 foram 295 casos novos.
Segundo Lygia Antas, coordenadora do Serviço de Assistência Especializada (SAE), não se deve subestimar esta estabilidade nos números.
“É importante salientar que muitas vezes quando os pacientes chegam ao nosso serviço, eles já vêm com sintomas graves, não só com a infecção pelo HIV, mas com a AIDS já instalada. Por isso que a estabilidade nos números muitas vezes não reflete a condição de saúde que alguns pacientes chegam. A testagem rotineira é fundamental para evitarmos esses tipos de situação”, enfatizou Lygia Antas.
Prevenção
De acordo com o gerente estadual de Vigilância e Controle das Doenças Transmissíveis, enfermeiro Diego Hora, o vírus e a doença trazem muitas complicações e o tratamento pode gerar efeitos colaterais.
“Prevenir é sempre o melhor caminho, até porque as formas de proteção são simples e asseguradas pelo aparato de saúde pública”, ressalta.
Ainda conforme o técnico da Sesau, além do uso do preservativo e do não compartilhamento de seringas, a prevenção ao HIV ocorre por meio da Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
“Entretanto, é importante ressaltar que tanto a PEP quanto a PrEP trazem efeitos colaterais, não podem ser usadas indiscriminadamente. O uso do preservativo durante o ato sexual e o não compartilhamento de seringas ainda são as medidas mais simples e seguras para serem adotadas por todas as pessoas, visando a prevenção do HIV”, reforçou Diego Hora.
Para a promotora de Justiça Marluce Falcão, que é coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público de Alagoas (MPAL), é necessário garantir dignidade a essa população.
“Apesar de décadas no enfrentamento à Aids e os avanços na medicina, muito ainda precisa ser feito quanto aos estigmas sociais e à inclusão do paciente em todos os seguimentos da vida, inclusive, no acompanhamento psicológico, pois a pessoa HIV pode viver uma vida produtiva, assim como pessoas sem a doença. Neste ponto, a dignidade da pessoa humana precisa ser assegurada em todas as fases do processo, estando o Ministério Público vigilante e atuante na garantia dos direitos humanos e fundamentais”, ponderou a promotora.
Saúde mental
Receber o diagnóstico de infecção pelo HIV não é uma tarefa fácil e lidar com as emoções é parte fundamental do tratamento contra a doença, que é crônica e ainda não tem cura.
O psicólogo do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica, Carol Costa, afirma que pessoas que convivem com HIV correm um risco maior de desenvolver problemas de saúde mental e, por isso, reforça a importância de estar atento à qualidade do estado emocional desses pacientes.
Mudança súbita de humor e receio de ser julgado
Sensação de culpa, revolta e insensatez, bem como mudanças bruscas de humor e receio de ser julgado. Esses são alguns dos sentimentos mais comuns que afligem pessoas que são diagnosticadas com HIV.
“A confirmação da infecção costuma ser um processo extremamente difícil e desgastante, mas cada pessoa vai lidar com a confirmação da doença à sua própria maneira”, diz o psicólogo.
O profissional explica que muitas pessoas desenvolvem transtornos de depressão, bipolaridade, comportamentos autodestrutivos e ansiedade à medida que se ajustam ao diagnóstico e se adaptam a viver com uma doença infecciosa crônica.
“Os prejuízos podem ser sentidos tanto no trabalho quanto em casa ou nos relacionamentos afetivos. Caso esses sintomas sejam predominantes, é fundamental procurar ajuda de um psicólogo, não somente para tratar os sintomas, mas para recuperar a alegria e a vontade de viver”, diz.
Entendendo a importância do autocuidado
Além do processo terapêutico, o especialista do Grupo Hapvida Notredame Intermédica também chama atenção para a importância da busca pelo autocuidado por parte do próprio paciente, o que inclui a participação em grupos de apoio, seja presencialmente ou virtualmente, através das redes sociais, e a manutenção de um estilo de vida saudável, que vai além da prática de exercícios físicos e dieta equilibrada.
“Sonhos, projetos pessoais e hobbies, por exemplo, devem continuar sendo perseguidos normalmente. Também é importante administrar o estresse e entender que é totalmente possível ter qualidade de vida com HIV, afinal, há muitas pessoas soropositivas que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença”, comenta.
Acesso a exames e tratamento
Para fazer o teste rápido nas unidades de saúde e no CTA do PAM Salgadinho, basta comparecer nos locais, de segunda a sexta-feira. É preciso apresentar documento de identidade, comprovante de residência e cartão SUS. Nos casos de pessoas em situação de rua, que não apresentem documentos pessoais, o teste, ainda assim, é realizado e o resultado liberado.
Usuários com diagnóstico positivo são encaminhados para os centros de atenção especializada, que são o Hospital Escola Dr. Helvio Auto (Trapiche da Barra); Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (Tabuleiro do Martins) e o Bloco I, do PAM Salgadinho (Poço).
Em todos estes locais, os maceioenses contam com uma equipe multidisciplinar que inicia o acompanhamento adequado para tratamento da infecção e recuperação da saúde e do bem-estar.
Ações durante todo o mês
Durante todo o mês de dezembro, além dos profissionais da Gerência de IST/Aids e Hepatites Virais da SMS, as equipes das Unidades Básicas de Saúde e do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf) seguirão intensificando as ações educativas da campanha junto à comunidade nos seus territórios.
Fonte - Cada Minuto